domingo, 27 de março de 2011

Dia Mundial do Teatro.

Hoje comemorar o dia mundial do Teatro quer tal vamos ao teatro .

Vinte e sete de março é internacionalmente comemorado como o Dia Mundial do Teatro. Retrocedendo no tempo, anterior ao período cristão e que marca o nosso atual calendário, vamos encontrar a Grécia Antiga, palco florescente de todas as artes, em especial a arte cênica. Talvez por falta de um material mais consistente que remonte aos tempos de Téspis, encenador e dramaturgo que se ocupava de uma carroça para concretizar seus espetáculos em praças públicas, de uma cidade para outra, os grandes historiadores do teatro se concentram na tragédia grega como o ponto inicial dessa arte que até hoje sobrevive a todas as guerras e dificuldades.
Para alguns desses historiadores, a tragédia teria nascido de um culto, junto ao altar de algum deus, e que seria uma das maravilhas espirituais do mundo marcando a união de drama e povo, afirmando e fortalecendo a Grécia de então. Para eles, drama tem o significado de ação e, entre todas as ações dramáticas, a tragédia seria a jóia de maior preço. Dificilmente existirá um poeta, um filósofo, um estadista ou um sábio, que não se tenha detido alguma vez, demoradamente, com seu pensamento, analisando a essência da tragédia, porque com certeza sentiu na própria vida os perigos que enfrentou quando, ao se empenhar em grandes tarefas, cruzou com a incerteza, a contingência de uma idéia em que se empenhara.
Sentiram, que não chega aquilo que na terra nos é oferecido como compensação de aflições íntimas. Sentiram muito mais: a divindade que não responde ao suplicante, por que não se pode colocar em palavras aquilo que ela poderia nos responder, já que as palavras não passam de uma invenção humana, e nada mais são do que metáforas. A divindade nos deixa apenas pressentir que existe, quer seja através das palavras elevadas dos fundadores das várias religiões e dos profetas, da linguagem dos poetas e escultores, da música e seus compositores ou do sucesso de um feito concretizado com coragem e amplitude de responsabilidade, ou mesmo, de um fracasso resultante da extravagância e da irresponsabilidade humana.
Tudo isto alimentou a tragédia antiga, a cujo campo pertencem os conflitos entre a moral e a paixão, a lei e o direito natural, a medida e o orgulho, entre o conhecimento e um impulso inconsiderado que nos tenta levar às estrelas. Da hipertrofia do eu, que resultam as exigências que visam o mundo e raras vezes serão satisfeitas. E, de contrários duros e inexoráveis, nasce a tragédia, a flor escura e turva onde as gotas do orvalho são lágrimas de um deus compassivo.
Na decorrência desta criação artística do homem, seguiram-se as várias nuances da arte cênica, desenvolvidas através da comédia grega, do teatro greco-romano, dos mistérios medievais, o drama do renascimento e a comédia dell´arte, o drama pastoril e os dramas populares, o drama shakespeariano, o mimo, a ópera barroca, o teatro popular do barroco, a dramaturgia francesa de Racine, Corneille, Moliére, o drama alemão do iluminismo, a dramaturgia revolucionária do romantismo e do realismo, a dramaturgia burguesa, o drama social, o expressionismo e tantas outras vertentes desta arte que retrata o cotidiano das nações e da raça humana.
Pelo tanto de história, e pelo valor que representa na formação e educação cultural da sociedade, brindemos neste 27 de março a mais um Dia Internacional do Teatro, aproveitando para orar aos nossos governantes no sentido de que, dediquem parte do seu tempo a promover a produção cultural deste país. Como dizia Garcia Lorca, "um povo que não ajuda ou não fomenta seu teatro, se não está morto, está moribundo."
  
O dia mundial do teatro foi criado em 1961, pelo Instituto Internacional do Teatro (ITI), data da inauguração do Teatro das Nações, em Paris.
O marco principal do surgimento do teatro foi a reunião de um grupo de pessoas em uma pedreira, que se reuniram nas proximidades de uma fogueira para se aquecer do frio.
A fogueira fazia refletir a imagem das pessoas na parede, o que levou um rapaz a se levantar e fazer gestos engraçados que se refletiam em sombras. Um texto improvisado acompanhava as imagens, trazendo a ideia de personagens fracos, fortes, oprimidos, opressores e até de Deus e do diabo, segundo conta Margarida Saraiva, da Escola Superior de Teatro e Cinema, de Portugal.
A representação existe desde os tempos primitivos, quando os homens imitavam os animais, para contar aos outros como eles eram e o que faziam, se eram bravos, se atacavam, ou seja, era a necessidade de comunicação entre os homens.
As homenagens aos deuses também favoreceram o aparecimento do teatro. Na época das colheitas da uva, as pessoas faziam encenações em agradecimento ao deus Dionísio (deus do vinho), pela boa safra de uvas colhidas, assim, sacrificavam um bode, trazendo para a comemoração os primeiros indícios da tragédia.
Os povos da Grécia antiga transformaram essas encenações em arte, criando os primeiros espaços próprios, para que fossem divulgadas suas ideias, as mitologias, agradecimentos aos vários deuses, dentre outros assuntos.
O gênero trágico foi o primeiro a aparecer, retratava o sofrimento do homem, sua luta contra a fatalidade, as causas da nobreza, numa linguagem bem rica e diversificada. Os maiores escritores da tragédia foram Sófocles e Eurípedes.
Nessa época, somente os homens podiam representar, assim, diante da necessidade de simular os papéis femininos, as primeiras máscaras foram criadas e mais tarde transformadas nas faces que representam a tragédia e a comédia; máscaras que simbolizam o teatro.
O gênero cômico surgiu para satirizar os excessos, as falsidades, as mesquinharias. Um dos principais autores de comédia foi Aristófanes, que escreveu mais de quarenta peças teatrais.
Nas primeiras representações, a comédia não foi bem vista, pois os homens da época valorizavam muito mais a tragédia, considerando-a mais rica e bonita. Somente com o surgimento da democracia, no século V a.C, a comédia passou a ser mais aceita, como forma de ridicularizar os principais fatos políticos da época.

Comemora-se a 27 de março, o Dia Mundial do Teatro, uma arte que nasceu do rito, seja ele religioso, fúnebre, festivo, civil ou de guerra. Os povos primitivos por meio da dança costumavam exprimir seus estados emocionais e dramatizar situações, notadamente relacionadas com a luta do homem contra o destino, as forças da natureza, o sexo e a vingança.
Atribui-se a Téspis, no século VI A C, esta invenção genial que veio possibilitar o trânsito da primeira forma lírica e narrativa, para uma tentativa de representação dramática. Atribui-se a ele, também, a invenção de um carro que funcionava como um teatro portátil, e levava as representações às praças públicas. Em tais oportunidades, Téspis mascarava seus atores com unturas de borra de vinho, tornando-se também o precursor das famosas máscaras gregas. É dele, ainda, a introdução no coro, ( que era realmente o que constituía a parte representativa da antiga tragédia) de um ator que iria narrar as ações de um personagem ilustre, para desta forma, não parando a ação do teatro, permitir com que o coro obtivesse um breve descanso em seu contínuo trabalho. Sua obra foi também, a precursora da informação e do jornalismo, já que Téspis captava nas aldeias e cidades por onde passava, estórias e notícias daquela localidade e as transformava no texto que iria apresentar na aldeia ou cidade para onde estivesse se dirigindo. Tais informações chegaram até nós através de Horácio, em sua "Arte Poética", escrita cinco séculos após.
A arte no geral criou a conceituação de ser vanguarda e precursora das conquistas sociais e políticas das civilizações que se seguiram até nós. Não deve andar a reboque de nada e de ninguém. Deve ater-se aos fatos, narrar acontecimentos, procurar conscientizar a sociedade na busca de melhores caminhos que a conduzam ao que Bertold Brecht propôs em sua obra : o homem como parceiro do homem, na procura do bem comum, da paz e do progresso da humanidade. A arte que costuma incensar os governantes, que produz o chamado "besteirol", que não coloca a cabeça do espectador para pensar e raciocinar, é uma arte comprometida com o retrocesso, voltada unicamente para o lucro fácil das bilheterias, descompromissada com o futuro e inimiga do progresso dessa mesma humanidade.
Neste particular o teatro brasileiro, salvo raras exceções, nos dias que correm, está mais voltado para ser retaguarda, abdicando da sua missão de ser a vanguarda cultural e social. É bom que se diga que vivemos hoje, tempos difíceis, onde a censura econômica tomou o lugar da censura ideológica que vigorou nos tempos do regime militar, como a denunciar uma ditadura invisível travestida de conceitos democráticos. Porém, é sempre bom lembrar que a cultura brasileira, mais precisamente o teatro e a música popular, produziram nos anos de chumbo aquilo que conceituo como melhor período de nossa produção artística. Driblando a censura, optando por caminhos alegóricos, mas sempre denunciando a opressão e o cáos social, transformando o regime de então, na grande musa inspiradora. Celebramos neste 27 de março mais um Dia Mundial do Teatro, com as apreensões de sempre, mas, voltando a Téspis, o primeiro dramaturgo de que se tem notícia, a quem pertence a criação de um diálogo entre o coro e um ator que personificava Dionísios. Tal personagem, recebeu a denominação de "hipocrates", que significava, o respondedor. Tal diálogo, presenciado por Solon, o teria deixado perplexo a ponto de indagar Téspis, se não tinha vergonha de se fazer passar por outra pessoa, de mentir publicamente daquele modo. Em resposta, Téspis disse a Solon que não havia mal algum em suas palavras ou em sua conduta, porquanto tratava-se apenas de um jogo, ao que Solon respondeu : "Mas se aceitamos e aprovamos o jogo, terminamos por encontrá-lo transformado em realidade em nossos contratos." Com o tempo a palavra "hipocrates", deu lugar a um novo significado : hipócrita, fingido, mentiroso. Que no futuro, os criadores da cultura cênica de hoje, não venham a ser reconhecidos por tal terminologia, ao "aceitar docemente" as atuais regras do jogo. Sempre é tempo de pensar e mudar.

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